terça-feira, 5 de julho de 2011

O Protagonismo na quadra.

O Futsal a cada ano torna-se mais coletivo, dependente de ações conjuntas de todo o quarteto de linha no momento do jogo (ou quinteto) ou de otimização de jogadas individuais através de alguma situação agrupada.
Ontem mesmo comentava com o nosso preparador físico (muito competente no alto rendimento, porém, oriundo do Voleibol): a graça do jogo está em ser imprevisível dentro da previsibilidade de um sistema. O Basquete e o Handebol, por exemplo, caminham pela mesma jornada.
Mas e o craque? O diferenciado, acima da média, fora de série? Sim, ele existe, mas é e cada vez mais será mais raro de ser visto. E não por falta de qualidade técnica, nunca, afinal, estamos no Brasil. Mas por tamanho equilíbrio que os estudos, os trabalhos, os treinamentos em suas mais variadas situações, proporcionam ao dia-a-dia do Futsal.
O Falcão não é o único craque do Futsal mundial, talvez ele seja o único a ficar mais de 3 segundos com a bola no pé, talvez seja o mais imprevisível driblador, além daquela história toda de ´´show man´´. Está certo, Unilus, Wise Up, Umbro, entre outros, precisam desse toque a mais, e assim ele mesmo pode comprar sua cobertura milionária em Balneário Camboriú (alguém ai falou que o futsal não dá dinheiro?). O Falcão é o protagonista do jogo, sempre que está com a bola. Mas analisando friamente as ações dentro de quadra, dentro de um sistema de marcação forte, como não considerar Danilo Baron (Corinthians/São Caetano), um grande e habilidoso ´´achador´´ de passes, um craque? Ou Lenísio e Vander Carioca (ambos do Poker/Petrópolis), que abrem linhas-de-passe inimagináveis. Ou até mesmo o incansável Valdin, que sai da sua quadra defensiva e está na segunda trave adversária em minúsculas frações de tempo. Leco (Krona/Joinville) (foto) provavelmente não consegue fazer mais que 3 ´´embaixadinhas´´, mas desarma com uma eficiência absurda.
Como sempre, é inevitável nas rodas de jovens leigos ou principalmente nos botecos espalhados pelo Brasil, a comparação com o Futebol. Vendo bem de perto, certamente observaremos que apesar da enorme imprevisibilidade encontrada em virtude do tamanho do campo, o Futebol também se torna a cada temporada, menos imprevisível, mais duro, mais pensado e equilibrado. Sim, você que acha que não pode ser jogador porque não sabe driblar, esqueça, sabe bater e é alto? Arrume um procurador e vai virar zagueiro! E não se irritem torcedores amantes do futebol-arte, apenas acostumem-se, isso acabou, apenas aparece de vez em quando.
Neymar é o protagonista do Santos e da Seleção Brasileira. Tenham certeza que é mais fácil do que na quadra, mas que para o mesmo conseguir partir em velocidade mudando rapidamente de direção, inicialmente do lado esquerdo do campo, algumas situações táticas precisaram ser abordadas. É assim, e tem que ser assim. O futuro caminha lado-a-lado conosco e facilita as coisas para nós. O mesmo cara que se revolta ao ver um ´´pé-duro´´ na quadra, gostaria de ouvir o jogo na rádio ou o ver em seu celular, ou quem sabe em casa no seu enorme home-theater? Muita boleiragem para pouco estudo...
Falcão está para o Brasil como Pula está para Rússia, Ricardinho para Portugal,  e talvez Ortiz, Fernandão, e Luís Amado, para a Espanha. Falcão toca na bola e o ginásio se levanta e aplaude como se estivesse no ´´ Cirque du Soleil´´. São diferentes, craques. Mas vamos procurar entender melhor essa relação daqui pra frente. Estudar e extrair melhor as especificidades de cada jogador.
O coadjuvante e até mesmo o figurante, podem um dia fazer o gol do título.
Grande abraço!!

Um comentário:

  1. Dez, craque, diferenciado foi esse seu post Cyro.
    É mais ou menos por aí..
    Hoje em dia o fator individual tem cada vez menos importância.
    Seria uma adaptação ao novo futebol, mais tático e mais fisico? Ou seria falta de treinadores que visam trabalhar esse tipo de situação? Ou até mesmo, não seriam as "pressões" por resultados que faz com que não trabalhemos mais o atleta individualmente?

    Dúvidas Cyro, muitas dúvidas.
    De qualquer forma, acompanhando as grandes equipes de Futsal e Futebol, vejo e aprendo a cada dia, que o que difere uma equipe de outra atualmente é a movimentação, seja ela com ou sem bola dos atletas. A abertura de espaços, a criação dos mesmos é o que fará o talento individual aparecer.
    Vejo muito isso no Barcelona. As movimentações da equipe deixam os jogadores "diferenciados" sempre sozinhos, sempre no 1x1, sempre com espaço para poderem criar as situações ofensivas.
    Mais uma vez elogio o seu ótimo artigo Cyrão!
    Shoooooooooowzaço parceiro! rs

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